Restart faz matinê colorida para crianças e adolescentes no Recife
Calças, camisas, tênis e até óculos, tudo muito colorido. O Restart, grupo que batizou estilo happy rock e cujo figurino foi completamente adotado por seus fãs, com acessórios que vão da cabeça aos pés, fez a festa dos teens recifenses, na noite do último sábado (14), com show no Chevrollet Hall.
Enquanto os quatro meninos não entravam no palco, a banda Caravana do Delírio tentava fazer seu show, mas, em meio a tantos gritos pelo Restart, era difícil conseguir terminar uma música. Com o público impaciente, a banda também se impacientou e o vocalista perguntou se eles já tinham se masturbado. A reação foi imediata: indignados com a pergunta, crianças e adolescente começaram a jogar latas de refrigerantes e garrafas de água mineral contra a banda.
A reportagem do pe360graus aproveitou para dar uma volta e observar o estilo da garotada. As calças e os tênis coloridos – às vezes até com um pé de cada cor – estavam em todos os lugares, sem esquecer os óculos coloridos também. É fato: a Restartmania chegou para ficar, pelo menos para essa geração.
Perto da entrada do camarim do Restart, um movimento intenso chamava a atenção. O segurança informou que os fãs estavam desesperados pela pulseirinha azul, acessório que dava passagem ao camarim. Quem conseguia entrar lá saia aos prantos: Renato Alves, 13 anos, foi um dos sortudos que conseguiu ficar bem de perto dos ídolos. Mariana (foto 3), 12 anos, chorava por não ter conseguido a tal façanha.
O tempo se passava e o público ficava cada vez mais ansioso. Mas, às 19h45, Pe Lanza, Pe Lu, Koba e Thominhas entraram finalmente no palco. Houve quem levasse um banquinho para poder enxergar melhor a banda. O Restart começou a cantar em meio a gritos, choros e desmaios. Muitos pais, tios e padrinhos que estavam ali com seus filhos, sobrinhos e afilhados certamente devem ter pensado que as gerações mudam, mas o efeito que esses grupos exercem entre seus fãs são semelhantes – lembram da antiga Menudomania?
O show seguiu com músicas como Pra Você Lembrar, Recomeçar e Breve História, que foram acompanhas do início ao fim pelos fãs. O Restart também prestou uma homenagem ao rei do pop, Michael Jackson, fazendo uma versão de Billie Jean e com direito até ao famoso moonwalker. A cada instante que passava e o show se aproximava do fim, os fãs se espremiam mais e mais no limitador, para poder ficar o mais perto possível do palco e dos meninos.
A noite foi mesmo inesquecível para uma garota. Em meio a tantas outras, ela foi escolhida por um dos componentes da banda, Pe Lu, para subir ao palco e vê-lo cantar olhando em seus olhos. Ela não sentiu falta da pulseirinha azul e, em volta, o que se ouvia era “Ah, que inveja...”. Bem adolescente, como público e banda fazem questão de ser.
NOTAS OFICIAIS
Sobre a pergunta da Caravana do Delírio direcionada ao público, o Chevrolet Hall informou, em nota oficial, que "desenvolve um trabalho durante a negociação dos shows, junto aos empresários e produtores, para orientar sobre o público de cada apresentação, a fim de direcionar o repertório e a interação do artista com os fãs". Além disso, a casa de espetáculos e a Sunset Produções reforçam que "não concordaram com a postura do grupo e tomaram a decisão imediata de cortar o som e de retirar a banda". Ainda na nota oficial, o Chevrolet Hall diz que acionou a assessoria jurídica, para cobrar da banda uma retratação pública.
A banda Caravana do Delírio também se manifestou a respeito. O vocalista Matheus Torreão divulgou nota informando que o show apresentado traz o repertório conhecido da banda, inclusive a música Mãonogamia, que fala sobre masturbação. Confira trecho da nota: "A produção não fez nenhuma restrição ao nosso repertório. Se estão dizendo que fizeram, então mostrem o e-mail ou o contrato. Não vi crianças de onde eu estava. Quando perguntei se já haviam se masturbado não me dirigi a elas, e sim aos adolescentes e adultos do frontstage que passaram o show vaiando e jogando garrafas no palco. Isso sim é uma violência sem tamanho e era isso que os responsáveis dessas “crianças” deviam estar discutindo. Esse escândalo por causa da masturbação é uma grande hipocrisia. Não deveria ser um tabu, isso só dissemina a ignorância. Também não fomos expulsos do palco pela produção ou tivemos nosso som cortado, saímos porque percebemos que não havia mais nada para se fazer naquele lugar".