Integrantes da banda A Caravana do Delírio afirmam que não tinham intenção de chocar no show de abertura da Restart



Nem espinha, nem pelo nas mãos. Masturbação provoca mesmo é polêmica. A menção ao “esporte solitário”, no último sábado (14), no show de abertura da Restart, encerrou prematuramente a apresentação dos pernambucanos de A Caravana do Delírio e deu início a uma dor de cabeça para produtores do evento e integrantes do grupo. Enquanto pais de crianças e adolescentes fãs de Pe Lanza e Cia. ficaram indignados, as mães do quarteto com formação não tão distante da adolescência perderam o sono. Menos culpa do tabu, e mais da falta de organização e de informação.

Quando a Caravana subiu ao palco, às 19h, horário inicialmente previsto para o show do Restart, cerca de seis mil fãs já haviam passado horas esperando. Alguns deles, segundo a promotora do evento, a Sunset, desde às 6h. “Tivemos que abrir os portões do Chevrolet Hall mais cedo para tirar o pessoal da chuva”, conta o produtor Eduardo Pereira. Um problema técnico no ponto eletrônico de Pe Lanza atrasou ainda mais o início da apresentação principal, que começou às 20h15.

Entre a impaciência do público e a incompatibilidade do repertório da Caravana com a parcela majoritária dos fãs, fez-se a polêmica. “Quando o show começou eles gritavam ‘Restart! Restart!´ tão alto que a gente não conseguia se ouvir”, conta o vocalista Matheus Torreão. Irreverente, o quarteto pernambucano respondeu reiniciando (ou restartando) a música a cada menção dos paulistas. A piada não deu certo. Pelo contrário. E quando, antes dos primeiros acordes de Mãonogamia, Matheus perguntou “quem já havia se masturbado?”, o mundo caiu. “Terminamos a música, mas ficamos sem condições de continuar. Fomos engolidos por vaias e garrafas de plástico.”

A Sunset confessa que a banda foi escolhida por indicação de terceiros, mas que estava respaldada pela participação da Caravana em programas teens, como o Geleia do Rock (Multishow). “Acho que a produção nunca ouviu ou viu a gente tocar. A Caravana é a mesma num salão de festa ou no Chevrolet Hall”, garante o baterista Paulo Priori. “Estamos com as mãos e a consciência limpas”, finaliza Matheus.

ORIGEM - A Caravana do Delírio foi formada em 2007 e atualmente é composta por estudantes universitários de classe média, com idades entre 20 e 22 anos. O grupo gravou dois EPs e, apesar de recusar o rótulo de “banda de escracho”, tem uma queda pela irreverência, como provam as canções Ups, coloquei uma foto sua na internet, Hino Vegetariano e a polêmica Mãonogamia, entre outras.
No Jornal do Commercio desta terça-feira (17), há uma entrevista com o vocalista e autor das letras, Matheus Torreão, além dos detalhes do que realmente “causou” no evento, prejudicado principalmente pela falta de informação e organização, e nem tanto pela masturbação.